Ó Vento, que me sopras no ouvido...
E me levas o doce cheiro da felicidade
E apenas me deixas a saudade!

Ó Vento gélido, que do caderno
Me apagas o terno,
Sentimento que la se escrevia!
E que me satisfazia, de pura alegria!

Ó Vento, que és bandido!
E me deixaste num mundo vazio...
Triste e sombrio

E, agora,
Concluindo, a nuvem se aproxima!
Para me roubar tudo...
Para me deixar perdido!

(Ana Veiga)

Confissão da pequena Carla

Nem sei como começar,

Pois sim, é uma confissão!

Há algo que me está a atormentar!

E que me faz uma certa confusão!

Estranha confissão!

Mas sinto-me esquisita!

Talvez algo que comi ou...

o que da minha mãe escondi...

Mas... foi o beijo? ou será que foi do queijo?

Sinto-me estranha,

Com um frio na barriga

É uma coisa que embirra!

Mas não sei, foi algo que comi?

que bebi? ou foi o beijo?

O meu primeiro beijo,

a medo franzi o beiço

estiquei bem os lábios

e esperei de olhos fechados

e bem apertados

pelos lábios dele...

Tocaram nos meus e...

Meu Deus!!

Senti aquilo, que sinto até agora

Fiquei até meia à nora...

E agora estou em duvida!

Este frio na barriga ? foi o beijo ?

Ou foi comida?

A árvore da vida...

A vida é como uma árvore:

Uma semente é plantada,

É cuidade e regada.

Um caule que brota da terra

Pequeno, indefeso, puro e sem maldade

Que de dia para dia cresce numa serra,

Numa linda paisagem que deixa saudade,

Paisagem recordada, e gravada

como que na minha mente colada.

Mente velha minha, mente de histórias...

Mente cinzenta? NÃO

Mente cobertas por memorias!

Que como uma fénix, rasgam este meu mundo,

Trazendo cor á minha vida, que quando

Quando parece estar morta renasce das cinzas

Deixa cair a semente, trazendo novamente

uma vida ...

Vejo-me numa arvore, arvore que agora já velha

Suporta os canos finos e frageis,

Fui jovem mas agora sou velho,

O velho que cuida das novas árvores!

Saudade...

Saudade de um amor

Saudade que causa dor!

E o coração acelerado

A ânsia de matar esta saudade

A impaciência que atrasa o tempo

E de abraçar, a vontade!

Mas quando chega a noticia

Que vem quase por malícia

E nos deixa cair no chão

É uma faca que espeta e torce no coração

Noticia esta que nao queremos ouvir

Noticia que nos diz que a saudade irá permanecer

E nao se vai dissolver

Na alegria do reencontro.

Há coisas que duram para sempre...

(foto de: Sara Sá)

Amor

Sentimento estranho e anormal,

Sentimento este que não é banal!

Armadilha em que todos caímos

É sentimento em que todos nos ferimos!

Apesar de todo o sofrimento e toda a dor

Acaba sempre por ser compensador

O carinho e os beijos e os olhares

Os pensamentos os actos

Os sonhos longos, os momentos tórridos

Por mais que nos magoemos,

E que culpemos este sentimento

Por todo o sofrimento

Não conseguimos viver sem ele

Pois é o nosso amado que nos completa

Que com todas as acções nos afecta

E tudo, tudo, fica gravado

Como se fosse uma filme

Lá, na nossa memória, mas principalmente, no nosso coração...

Ana Veiga